sexta-feira, 21 de abril de 2023

A aventura marítima (III)


" [D. Afonso V] arrendou a exploração da costa africana por (...) cinco anos a Fernão Gomes, um cidadão honrado de Lisboa, por duzentos mil reais cada ano; com condição que em cada um destes cinco anos fosse obrigado a descobrir pela costa em diante cem léguas (...) [e] levaria de começar na Serra Leoa (...).

E o primeiro descobridor que levou este padrão foi Diogo Cão, cavaleiro de sua casa. No ano quatrocentos e oitenta e quatro, indo pela Mina (...), passado o Cabo de Santa Catarina (...), chegou a um notável rio na boca do qual, da parte sul, meteu este padrão, como quem tomava posse por parte de El-Rei de toda a costa que deixava para trás (...). Muito tempo foi nomeado este rio Padrão, e ora lhe chamam de Congo por correr por um reino assim chamado(...).

Aqui, como a gente vinha cansada e temerosa dos grandes mares que passaram, todos começavam a queixar-se e a pedir que não fossem mais adiante,porque os mantimentos se gastavam (...). Para mais já levavam uma boa novidade, a de que a terra corria para leste (...).
Bartolomeu Dias pediu então a todos que tivessem por bem correr mais dois ou três dias (...)
Partidos dali (...) houveram vista daquele grande (...) cabo encoberto por tantas centenas de anos, ao qual Bartolomeu Dias (...) por causa dos perigos (...) que passaram ao dobrá-lo, [pôs] o nome de Tormentas. El-rei, porém, deu-lhe outro nome (...), Cabo da Boa esperança, pelo qual ele prometia do descobrimento da Índia tão esperado e por tantos anos requerido."

(1) João de Barros, Décadas da Ásia, (adaptado)
Imagem: Crónica do Rei D. João II, de Rui de Pina

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