quinta-feira, 3 de fevereiro de 2022

A crise da Monarquia - o mapa cor-de-rosa

 

Os últimos anos do século XIX mostraram que a Monarquia estava em crise. Isto é, não conseguia que a grande maioria da população a aceitasse, como forma de governar o país e de dar respostas aos problemas criados. A Monarquia Constitucional criada pelos liberais, a partir da década de trinta tentou criar uma sociedade mais livre, mais participada por todos, com mais instrução e que desenvolvesse o País. Mas, na verdade não o conseguiu.

A nível internacional, o país acompanhou tarde e de uma forma pouco desenvolvida a industrialização que tinha nascido na Inglaterra com a máquina a vapor e que se estendeu a outros países. As matérias-primas para a indústria eram essenciais para manter as indústrias a produzir para um novo tipo de sociedade. A concentração de poder e riqueza na burguesia criou uma multidão de pobres nas cidades que viviam mal dos seus empregos, quando os tinham. A vida no campo também não assegurava aos camponeses e ao povo formas de vida confortáveis e com rendimentos satisfatórios. Havia, pois muita pobreza nas classes sociais ligadas ao trabalho e grande desigualdade social.

Foi neste quadro que a conferência de Berlim definiu que as colónias dos países europeus só podiam ser reclamadas se na verdade estivessem a ser ocupadas pelos países que as tinham descoberto. Os impérios tinham de mostrar que podiam ter esses territórios, que os mereciam. Os tempos da descoberta marítima tinham acabado. Realizada em 1884-85, a conferência de Berlim propunha a partilha de África entre os países europeus.

É com este quadro que Portugal para poder responder a estes desafios cria o mapa cor-de-rosa e o apresenta na conferência de Berlim. Este unia os territórios de Angola e Moçambique ligando os oceanos Atlântico e o Índico. O mapa teve a clara oposição da Inglaterra que era a grande potência colonial do tempo. A Inglaterra tinha interesses coloniais em África e na região e assim lançou um Ultimatum, em 1890 e a Monarquia cedeu face à posição inglesa.

A aceitação do Ultimatum criou no recém formado partido republicano a possibilidade de criar uma campanha junto da população de que a Monarquia era uma forma de governo que deveria ser substituída. O Ultimatum gerou grande descontentamento, o que facilitou para criar a ideia de que a Monarquia já não respondia aos desafios e problemas que o país tinha de enfrentar. O mapa cor-de-rosa é realmente um dos primeiros factos que levarão à crise da Monarquia e ao seu fim em 1910.

O século XIX - (IV)


 

O século XIX - (III)


 

O século XIX - (II)