quinta-feira, 21 de outubro de 2021

A acção de Pombal


1. O Marquês de Pombal e o seu tempo
A História como processo de organização das sociedades depende sobretudo do conjunto das pessoas que a constituem. No entanto, há figuras que pela sua ação e características pessoais fazem evoluir a sociedade, pelas marcas que lhe colocam. José Sebastião de Carvalho e Melo, conhecido como o marquês de Pombal, é uma dessas figuras.
D. José I sucedeu ao rei D. João V e nomeou um funcionário de grande confinaça, justamente, José Sebastião de Carvalho e Melo. Ele foi primeiro-ministro do Reino, o que fez o rei dar-lhe alguns títulos como, conde de Oeiras ou marquês de Pombal. Na 2ª metade do século XVIII, o absolutismo tinha já entrado em decadência na Europa. 
Tinham surgido novas ideias sobre como o rei devia governar e uma delas era designada de depostismo esclarecido. O marquês de Pombal admirava em particular esta teoria. Defendia assim, que o governo do Reino, se conduzido por um pensamento esclarecido por parte do rei e dos seus ministros, ainda que seja absoluto, podia atingir melhores resultados para o País. Em Portugal o rei tinha pouca autoridade e quem a exercia realmente era o marquês de Pombal.
No reinado de D. José I vários acontecimentos marcaram este período e a ação de Pombal. O terramoto de 1755 foi só um deles. O “atentado” ao rei, o julgamento e execução pública dos Távoras ou a expulsão dos Jesuítas foram outros.

2. O terramoto de 1755
No dia um de novembro de 1755, a cidade de Lisboa foi vítima de um forte terramoto, onde morreram centenas pessoas e muitos edifícios ficaram destruídos. As cartas das descrições da época revelam uma forte destruição da cidade e um clima de grande aflição entre as pessoas. O marquês após o terramoto mandou restabelecer a ordem nas ruas da cidade, de modo a impedir os roubos e de forma a cuidar dos feridos. O marquês pensou na reconstrução da cidade, tendo entregue o plano a duas figuras importantes, Manuel da Maia e Eugénio dos Santos. A reconstrução da cidade de Lisboa, conhecida como a Lisboa Pombalina fez a reconstrução da cidade ao nível das ruas e praças, mas também procurou criar uma rede de esgotos e um novo sistema de iluminação. O nivelamento em altura dos edifícios, os passeios nas ruas, a utilização de materiais mais resistentes a terramotos ou o sistema de gaiola nos edifícios forma algumas das inovações do projeto da Lisboa Pombalina. Toda a ideia de reconstrução obedeceu a um plano rigoroso para criar uma nova cidade, à imagem do poder real.

3. As reformas de Pombal
A ação do marquês de Pombal conduziu-se por grandes transformações no País. Reorganizou a a administração do País e tentou dinamizar as atividades económicas. Procurou que a agricultura em algumas das suas produções se desenvolvesse. Incentivou o desenvolvimento das manufaturas. A monarquia financiou e protegeu “indústrias” importantes, como a da seda (Real Fábrica das Sedas), ou a das cordas (Cordoaria Nacional). 

Estas manufaturas eram desenvolvidas com base num monopólio real que lhes concedia empréstimos e as isentava de alguns impostos. Ao mesmo tempo foram criadas diferentes manufaturas em diversas cidades do litoral. O marquês criou ainda grandes companhias comerciasi que tinham o monopólio do comércio de determinados produtos em diferentes zonas do Império Português, no Algarve, no Douro, no Brasil. O marquês procurava favorecer a burguesia como elemento social que organizava estas atividades e reduzir os privilégios do alto clero e da alta nobreza.
Neste sentido fez igualmente reformas no ensino tendo criado escolas públicas, alterou o ensino universitário, abriu escolas técnicas e fundou uma escola para a nobreza, o colégio dos Nobres para assegurar uma modernização do governo do Reino.

4. A vida cultural no tempo de Pombal
O governo de Pombal e o reinado de D. José I foram influencidos pelas ideias de mudança cultural que existiam na Europa neste período. Existiam um conjunto de estudantes que estudavam no estrangeiro, em outros Países e quando vinham ao Reino transportavam as novas ideias. Eram chamados de estrangeirados e deles podemos destacar Ribeiro Sanches ou Luís António Verney. Com estas ideias vindas da Europa, também em Portugal se criaram círculos de pessoas que estudavam determinados assuntos. Eram as Academias onde a discussão de ideias científicas se desenvolveram. 

Ao seu lado os cafés foram igualmente locais de discussão de ideias e de troca de impressões sobre assuntos ligados à Ciência, à Literautura, ou à Arte. Nesses encontros liam livros, trocavam opiniões e faziam debates informais sobre diversos assuntos. Também o teratro e em particular a ópera se desenvolveu neste período por influência real. 

Na arquitetura ainda se construía de acordo com o estilo barroco, embora na 2ª metade do século XVIII se tenham introduzido novas formas de construir edifícios. Na pintura. Vieira Lusitano e na escultura Machado de Castro forma nomes que deixaram uma obra importante. A estátua do rei D. José na Praça do Comércio, centro da Lisboa Pombalina é um dos sinais mais evidentes da ligação da cultura ao poder real e à importância da Coroa neste período.
Apesar de todas estas transformações o País não recuperou o seu atraso económico, o que só se verificaria  com a Guerra Peninsular e com a chegada das ideias da Revolução Francesa.

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