- Um Blogue de apoio ao estudo da disciplina de História e Geografia de Portugal -
quarta-feira, 24 de maio de 2023
quarta-feira, 17 de maio de 2023
quarta-feira, 3 de maio de 2023
O império português do século XVI
O império português do século XVI
As influências dos descobrimentos nas ciências, nas artes, na literatura
terça-feira, 25 de abril de 2023
segunda-feira, 24 de abril de 2023
A aventura marítima (VI)
" Ocupa a Ribeira das Naus um espaço vastíssimo, fechado
em parte pelos muros da cidade e em parte pelo edifício do Paço real, e
estende-se até ao mar.
Constrói-se ali todo o género de navios e
especialmente essas grandes naus (...) que abriram a navegação da Índia e a
conservam ainda com as suas contínuas viagens. (...)
É admirável aqui, na verdade, a abundância de
tudo o que é necessário para abastecer a armada (...)." (1)
"De Portugal mandam jóias e pérolas orientais (...), ouro (...), especiarias, drogas, âmbar, marfim, (...), incenso, mirra, pau-da-Índia e outras coisas preciosas em grande quantidade, que delas de fornece a maior parte da Europa; as quais cousas os Portugueses conduzem das Índias Orientais a Lisboa e até cá, [Antuérpia] todos os dias. Conduzem também os aç´
ucares da ilha de S. Tomé e trazem igualmente a malagueta (...) da Costa da Guiné, (...) não esquecendo os óptimos açúcares e o vinho da Madeira (...). Mandam do reino deles bastante sal, vinho, azeite, e além disso (...) variadas frutas. Para lá [ de Portugal] manda-se prata, (...) bronze e latão, estanho, chumbo, armas (...), artilharia e outras munições de guerra; telas de ouro e prata." (2)
" D. Manuel quando comia, embora comesse depressa, nem por isso deixava de conservar com letrados que o acompanhavam sempre e sobretudo com estrangeiros (...)
Gostava muito de música e a maior parte das vezes resolvia os assuntos do Reino ao som da música. Tinha uma das melhores capelas (...) composta por cantores e tocadores que vinham de todas as partes da Europa (...)
A maior parte dos domingos e dias santos D. Manuel ia, depois de comer, ver correr cavalos e corria também (...). Quando não ia às corridas, ia passear num barco, todo embandeirado de seda, levando sempre música e algum oficial seu, com quem ia despachando.
Algumas vezes, merendava frutas, conservas e coisas de açúcar, vinho e água (...). Mandava muitas vezes correr touros (...).
Todos os domingos e dias santos (...) dava serão às damas e cortesãos, no qual todos dançavam (...)" (3)
" Não temo de Castela / Aonde inda guerra não soa; / Mas temo-me de Lisboa, / Que, ao cheiro desta canela, / O reino despovoa.
Lisboa vimos crescer / Em povos e em grandeza / E muito se enobrecer / Em edifícios, riqueza, em armas e poder." (4)
(1) - Duarte Sande, Diário, 1584, (adaptado)
(2) - Ludovico Guiacciardini, Relação (agente comercial em Antuérpia), séc. XVI, (adaptado)
(3) - Damião de Góis, Crónicas de D. Manuel, (adaptado)
(4) - Garcia de Resende, Miscelânea, (adaptado)
Imagem: atribuído a António de Holanda, Livro de Horas do Rei D. Manuel
Imagem: atribuído a António de Holanda, Livro de Horas do Rei D. Manuel
A aventura marítima (V)
" Pelo meio desta cidade corre outra grossa ribeira de água, a qual vem ter ao porto (...) e se reparte por quatro principais chafarizes, afora outro que sai junto do cais, donde provêm todos os navegantes e armadas (...). Tem esta cidade ao redor de si muitos pomares, jardins e hortas, de que é também servida e provida, como o é de todas as outras partes da mesma ilha e das outras ilhas." (1)
"[O Infante D. Henrique] fez povoar a Madeira por Portugueses (...); cheia de árvores, foi necessário aos que a quiseram habitar pôr-lhe fogo (...). Assim desapareceu grande parte do dito bosque (...) e embora seja montanhosa nem por isso deixa de ser fertilíssima, colhendo-se cada ano 180 000 alqueires de trigo (...).
Por ser a ilha banhada de muitas águas, o Infante fez plantar muitas canas-de-açúcar, pois a terra é muito própria pelo seu ar quente e temperado (...). Produz cera e mel (...), os seus vinhos são muito bons (...) e são em tanta quantidade que (...) sobram para exportar." (2)
"Na manhã seguinte fizemo-nos à vela, esperando achar gente (...). Apareceram algumas embarcações (...). Em cada uma das proas havia um negro de pé, com um escudo redondo no braço (...) Os nossos navios descarregaram quatro bombardas. Aterrados (...) pelo grande estrondo, deixaram cair os arcos, admirados por verem as pedras das bombardas ferir a água junto de si. (...) Depois (...) perguntámos-lhes por que nos ofendiam, sendo nós gente pacífica e vindo tratar de mercadorias (...). A sua resposta foi que tinham alguma notícia de nós, os cristãos (...), que não comprávamos os negros senão para os comer; por isto não queriam o nosso comércio por modo nenhum, porém, sim, matar todos nós (...)." (3)
"Para Pêro do Campo Tourinho poder povoar a capitania de Porto Seguro vendeu todos os seus haveres e preparou à sua custa uma frota de navios, na qual embarcou com sua mulher e filhos (...). E com bom tempo foi demandar a terra do Brasil e foi tomar porto no rio de Porto Seguro, onde desembarcou com a sua gente (...). No seu tempo instalaram-se alguns engenhos de açúcar, no que teve nos primeiros anos muito trabalho por causa da guerra que lhe fizeram os índios (...)." (4)
"Senhor:
(...) as armas que Vossa Alteza mandou, digo-vos o grande serviço que foi vosso; na Índia não haveria, antes da chegada destas armadas, mil e duzentos homens, uns em Malaca, outros em Goa e em outras fortalezas, e entre eles não havia trezentos homens armados (...).
E esta é a verdade.
(...) Porque via Malaca em vosso poder, que é fonte de especiarias e riquezas destas partes e chave de navegação do estreito, e Goa que é freio de toda a Índia e segurança de toda a navegação das naus de carga (...); e não ver gente nem armas para as segurar e conservar, e ver-vos mandar à Índia armadas, sem gente e sem armas, tirando Vossa Alteza um milhão de ouro." (5)
"Estes homens, bárbaros do Sudoeste, são comerciantes. (...) Bebem por um copo sem oferecer aos outros; comem com as mãos e não com pauzinhos como nós. Revelam os seus sentimentos com franqueza. Não compreendem o sentido dos caracteres escritos. São pessoas que passam a vida a vaguear daqui para ali, sem domicílio fixo, e trocam coisas que possuem por coisas que não têm; no fundo, é gente que não faz mal." (6)
(1) - Gaspar Frutuoso, Saudades da Terra (século XVI),
(adaptado)
(2) - Luís de Cadamosto, Primeira navegação,
(adaptado)
(3) - Luís de Cadamosto, Primeira Viagem,
(adaptado)
(4) - Gabriel Soares, Roteiro Geral, século XVI, (adaptado)
(5) - Afonso de Albuquerque, Carta a D.
Manuel I, 1512, (adaptado)
(6) - Relato de Teppo Hi, escritor japonês do século XVI, (adaptado)
Imagem - Chegada dos portugueses ao Japão, século XVI, Arte Namban
sábado, 22 de abril de 2023
A aventura marítima (IV)
" Neste dia houvemos vista de terra. Primeiramente um grande monte muito alto e redondo; e (...) grandes arvoredos; ao monte alto o capitão pôs o nome Monte Pascoal e à terra Terra de Vera Cruz (...)
Ali permanecemos toda aquela noite (...) e pela manhã fizemos vela e seguimos direitos à terra (...). Dali avistámos alguns homens que andavam pela praia (...). Afonso Lopes (...) meteu-se logo no batel e tomou dois daqueles homens de terra (...) Trouxe-os logo ao capitão em cuja nau foram recebidos com muito prazer e festa. A feição deles é serem (...) avermelhados, de bons rostos e bons narizes, bem feitos. Andam nus (...) e um deles trazia uma espécie de cabeleira de penas amarelas (...). O capitão (...) estava sentado em uma cadeira, bem vestido com um colar de ouro mui grande (...). Um deles pôs o olho no colar como que dizendo que ali havia ouro. Também olhou para o castiçal de prata e assim mesmo acenava para terra (...). Mostravam-lhes um papagaio; tomaram-no logo na mão e acenaram para terra; (...) um carneiro; não fizeram caso; (...) uma galinha; quase tiveram medo dela."
Pêro Vaz de Caminha, Carta ao Rei D. Manuel sobre o Achamento do Brasil, (adaptado)
sexta-feira, 21 de abril de 2023
A aventura marítima (III)
" [D. Afonso V] arrendou a exploração da costa africana por (...) cinco anos a Fernão Gomes, um cidadão honrado de Lisboa, por duzentos mil reais cada ano; com condição que em cada um destes cinco anos fosse obrigado a descobrir pela costa em diante cem léguas (...) [e] levaria de começar na Serra Leoa (...).
E o primeiro descobridor que levou este padrão foi Diogo Cão, cavaleiro de sua casa. No ano quatrocentos e oitenta e quatro, indo pela Mina (...), passado o Cabo de Santa Catarina (...), chegou a um notável rio na boca do qual, da parte sul, meteu este padrão, como quem tomava posse por parte de El-Rei de toda a costa que deixava para trás (...). Muito tempo foi nomeado este rio Padrão, e ora lhe chamam de Congo por correr por um reino assim chamado(...).
Aqui, como a gente vinha cansada e temerosa dos grandes mares que passaram, todos começavam a queixar-se e a pedir que não fossem mais adiante,porque os mantimentos se gastavam (...). Para mais já levavam uma boa novidade, a de que a terra corria para leste (...).
Bartolomeu Dias pediu então a todos que tivessem por bem correr mais dois ou três dias (...)
Partidos dali (...) houveram vista daquele grande (...) cabo encoberto por tantas centenas de anos, ao qual Bartolomeu Dias (...) por causa dos perigos (...) que passaram ao dobrá-lo, [pôs] o nome de Tormentas. El-rei, porém, deu-lhe outro nome (...), Cabo da Boa esperança, pelo qual ele prometia do descobrimento da Índia tão esperado e por tantos anos requerido."
(1) João de Barros, Décadas da Ásia, (adaptado)
Imagem: Crónica do Rei D. João II, de Rui de Pina
segunda-feira, 17 de abril de 2023
A aventura marítima (I)
"No tempo do Infante D. Henrique (...) toda a navegação dos mareantes era ao longo da costa, levando-a sempre por rumo, do qual tinham (...) notícias por sinais de que faziam roteitos (...).
Mas depois que quiseram navegar a descoberto, perdendo de vista a costa e embrenhando-se no mar alto, conheceram quantos enganos recebiam na estimativa."
João de Barros, Décadas da Ásia, (adaptado)
A aventura marítima (II-A)
" No tempo do Infante (...), uma caravela correndo com
tormenta, viu uma ilha pequena (...), que se chama agora Porto Santo, não
povoada. E nessa ilha há muitas árvores (...). Voltou a caravela anunciando ao
Infante a terra descoberta, trazendo ramos de árvores, de que o senhor Infante
ficou muito contente (...)
Foram e viram a terra a ocidente além do cabo
Finisterra umas 30 léguas e viram que eram ilhas. Entraram na primeira,
desabitada e percorrendo-a acharam muitos açores e muitas aves e foram à segunda
actualmente ilha de S. Miguel, igualmente despovoada, tendo também muitas aves
e açores (...). Daí viram outras ilhas." (1)
"O piloto que for avisado, ao ir para o
cabo Bojador, deverá afastar-se oito léguas, porque este cabo é muito perigoso
por causa de uma grande restinga de pedra que dele sai ao mar quatro ou cinco
léguas, na qual já se perderam muitos navios (...). Os cavaleiros, criados do Infante, que ele mandou descobrir este Cabo (...) espantavam-se das grandes correntes, nenhum ousava de se largar ao mar e então se tornavam à costa de Berberia. No ano de 1434, o Infante D. Henrique mandou armar uma barca em que enviou um seu escudeiro que se chamava Gil eanes (...). (2)
(1) - Diogo Gomes, A relação dos Descobrimentos da Guiné e das Ilhas, (adaptado).
(2) - Duarte Pacheco Pereira, AEsmeraldo de Situ Orbis, (adaptado).
A aventura marítima (II)
"Era a cidade de Ceuta, no tempo da sua prosperidade (...), muito fértil em pão, vinho, carnes, frutas, pescarias de variadas espécies e outras coisas dignas de louvar." (1)
"Era o fervor tão grande no Reino que em todos os lugares as gentes não trabalhavam noutra coisa, porque uns andavam a lim- par as suas armas, outros a mandar fazer biscoito e salgar carne e mantimentos, outros a reparar navios e aparelhar guarnições (...). Mas principalmente era este tráfego na cidade de Lisboa e Porto." (2)
(1) - Duarte Pacheco Pereira, Esmeraldo de Situ Otbis, (adaptado)
(2) - Gomes Eanes de Zuarara, Crónica da Conquista de Ceuta, (adaptado)
quinta-feira, 13 de abril de 2023
segunda-feira, 13 de março de 2023
Portugal no século XIII - As atividades económicas
Após a formação do reino no século XIII, desenvolveram-se as atividades económicas, isto é as profissões que permitiam às pessoas criar aquilo que precisavam para a sua vida, em termos de alimentação, vestuários, instrumentos. Os recursos naturais passaram a ser explorados de um modo mais intensivo. Existindo muitos bosques, a madeira era aproveitada para a construção de habitações e para o fabrico de instrumentos. Diversos animais (coelho, lebre, javali, veado) permitiam que fossem aproveitados para a alimentação e para a construção do vestuário.
A agricultura era a principal atividade económica. Produzia-se cereais, vinho, azeite, frutos, hortaliças e linho. Os utensílios para trabalhar na agricultura eram de madeira e construídos pelos camponeses. O arado era o instrumento agrícola mais importante. No século XIII foi introduzida a charrua que permitia criar sulcos na terra mais profundos, o que melhorava as colheitas. A Criação de animais e a pastorícia permitiam ajudar no trabalho e obter alimentos, lã e peles.
Outra das atividades económicas do século XIII foi a pesca. As espécies capturadas nos rios e no mar permitiam abastecer os mercados dos campos e das cidades, sendo também secadas ao sol e conservadas em sal, quando não eram consumidas.
Para fabricar objetos necessários à vida existiam os artesãos que os fabricavam para as habitações, vestuário ou para as diferentes profissões, como redes de pesca, cestos, velas de cera, barcos, entre outros. O fabrico destes objetos era feito pelos artesãos que aproveitavam as matérias-primas dadas pela Natureza, como o vime, o barro, a cera, a pedra, a madeira, o linho ou as peles dos animais. Existiram artesãos rurais que trabalhavam nas zonas do campo e urbanos que trabalhavam nas cidades.
O comércio era outra das atividades económicas que existiam no século XIII. As trocas comerciais faziam-se usando a via terrestre, a os rios (via fluvial) e os mar (via marítima). As mais preferidas pelos comerciantes eram as vias fluvial e marítima, porque eram sujeitas a menos impostos e porque os rios sendo mais navegáveis do que hoje permitiam realizar a lição às zonas de costa. As trocas comerciais faziam-se nas feiras que podiam ser mensais ou anuais. As feiras eram criadas a partir da atribuição dessa possibilidade por carta de feira. As feiras em alguns locais tinham direitos especiais, eram as feiras francas, onde os comerciantes não pagavam impostos. Para a realização das feiras era preciso alguém que levasse os produtos até às feiras. Era essa a função dos almocreves.
O comércio realizado nas feiras chamava-se comércio interno, mas também existia o comércio com outros países, a que se dá o nome de comércio externo. Neste comércio importava-se (comprar a outro país) e exportava-se (vender a outros países). Portugal mantinha relações comerciais com a zona da Flandres, França, Inglaterra e algumas cidades italianas. Portugal importava sedas, armaduras, tecidos, cereais, metais, especiarias e exportava fruta, azeite, sal, peixe, mel e cera.
Com o aumento do comércio durante o século XIII as cidades cresceram, destacando-se Lisboa e o Porto. As habitações alargaram-se para fora das muralhas. A moeda começou a circular de um modo mais intenso. Surgem os burgueses, que habitavam o burgo, uma parte da cidade e que se dedicavam ao comércio e à produção artesanal. Com o tempo tornar-se-ão um grupo social muito importante.
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Materiais - 5.º ano (20/21),
O século XIII
domingo, 12 de março de 2023
sábado, 11 de março de 2023
A sociedade medieval (V)
1. O rei
Portugal viveu desde a sua fundação
por diferentes séculos uma forma de governo a que chamamos monarquia
hereditária. Ao rei existente sucedia o seu filho mais velho. Tinha um carácter
divino, pois considerava-se um representante de Deus na Terra. O rei desempenhava
a posição mais importante na sociedade portuguesa. Os reis com a reconquista
procuraram promover o povoamento do território, tendo ficado com alguns
senhorios para si - os reguengos.
Os reis tinham como importantes funções:
decretar a paz ou a guerra, aplicar a justiça maior ou cunhar a moeda. Com
D. Dinis é criada a Cúria Régia que apoiava o rei nas suas tarefas. Quando era
necessário tomar decisões importantes, o rei convocava as Cortes.
D. Dinis foi um dos reis mais
importantes do século XIII. Na sua corte viviam uma grande variedade de
pessoas, como os membros da família real, os cavaleiros mais importantes,
trovadores, jograis, damas e criados. Este conjunto de pessoas acompanhava o
rei pelo País na Corte Itinerante. A corte era frequentada também por elementos
do alto clero que participavam com todos os outros elementos nos saraus da
corte.
Havia na Corte do rei D. Dinis um grande
desenvolvimento cultural e ele próprio foi trovador de canções e fazia-se a
leitura de romances de cavalaria e de crónicas. Com D. Dinis os documentos
passam a ser escritos em português e é fundado em Lisboa, O Estudo-Geral, a
futura Universidade.
Todos os habitantes do reino estavam sujeitos ao poder do rei. Em alguns casos o rei precisava de ser aconselhado para poder tomar decisões importantes sobre o reino. Nesse caso convocava as Cortes que eram assembleias onde participavam elementos do clero, da nobreza e do povo.
2. A cultura cortesã e popular
Durante o período medieval a ciência era inexistente, pelo que existiam muitas superstições para explicar o que acontecia a cada um na sua vida. A religião dominava a vida das pessoas e acreditavam-se em figuras como as fadas, as bruxas ou as feiticeiras. Estas figuras eram muitas vezes responsabilizadas pelo mal que acontecia.
Durante o século XIII temos duas formas de cultura (conjunto de crenças e costumes). A cortesã e a popular.
2.1.A cultura cortesã:
A cultura cortesã estava ligada aos grandes senhores nobres e ao rei e à sua corte (conjunto de pessoas que com ele viviam). Nos seus castelos realizavam-se banquetes e saraus, onde se cantava, ouvia música, poemas e dançava. A vida no castelo ou no palácio fez aumentar o gosto pela leitura e pela escrita e nela participavam pessoas como os jograis e os trovadores.
2.2. A cultura popular
A cultura popular estava ligada ao povo. Este grupo social não sabia ler, nem escrever e os seus valores eram transmitidos entre gerações por via oral. O povo tinha pouco momentos para se distrair. A ida à missa, às romarias eram os momentos possíveis. Quando no senhorio acontecia algo muito importante, o povo podia participar sobretudo nos momentos de música e dança.
A sociedade medieval - os grupos sociais (IV)
"São direitos reais que à coroa
do reino pertencem (...):
· (...) Os portos de mar, (...) e as
rendas, e direitos que se costumam pagar das mercadorias que a ales são trazidos
(...).
· As pastagens e quaisquer outros direitos
que se pagam (...) das mercadorias e coisas que se trazem para a terra, ou
levam fora dela.
· Autoridade de fazer moeda (...).
· Todos os bens vagos, a que não é achado
certo senhor (...).
· (...) Lançar o rei pedido ao tempo de
seu casamento ou de sua filha; e servi-lo o povo noi tempo de guerra; e levar
mantimentos (...).
· (...) Poder (...) para ministrar a
justiça (...)."
Ordenações
Afonsinas, Livro II, título XXIV
sexta-feira, 10 de março de 2023
A sociedade medieval - os grupos sociais (III)
"Eu, Afonso, faço carta de foral aos
homens de Penela, e a todos os que aí morarem dou e concevo-dos o meu castelo
de Penela, com os seus termos e fontes e pastagens e terras desbravadas e por
desbravar (...). Os que lavrarem com um jugo de bois pagar-me-ão dois
quarteiros, metade de trigo e metade de cevada. Todos os que aí morarem e
tiverem duas jugadas de bois e dez ovelhas e duas vacas e um leito de roupa, ou
mais, comprem cavalo. Todas as injúrias que aí forem feitas serão julgadas
entre os vizinhos (...) e os homens de Penela só serão julgados no seu
concelho. (...) Quem for culpado por roubo seja açoitado (...) e pague cinco
soldos. (...) Que sejam livres todos os que vierem povoar as herdades de
concelho. (...) Os juízes do dito lugar devem ser eleitos em cada ano pelo S.
João e confirmados pelo senhor do dito lugar [o rei]."
Foral de Penela
Durante o processo reconquista o norte
concentrou mais população, assim como senhorios nobres, pelo que importava no
centro, no sul e no interior promover o povoamento das terras. Assim
surgiram comunidades rurais e urbanas, denominadas concelhos e que se podiam
formar por carta de foral dada pelo rei.
As povoações formadas concelhos tinham
direitos e deveres próprios. Nos concelhos todos os homens eram livres e
poderiam ter acesso a uma terra. O concelho era governado por uma assembleia de
homens bons que elegiam os juízes e os mordomos para tratar das questões de
justiça e de recolha de impostos. O símbolo do concelho era o pelourinho, onde
se aplicava a justiça.
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A sociedade medieval,
Materiais - 5.º ano (20/21)
quinta-feira, 9 de março de 2023
A sociedade medieval - os grupos sociais (II)
"O
ofício de cavaleiro é manter e defender o seu senhor terrenal, pois nem
rei, nem príncipe, nem alto barão poderão, sem ajuda, manter a justiça entre os
seus vassalos. Por isto, se o povo ou algum homem se opõe aos mandamentos do
rei ou príncipe, devem os seus cavaleiros ajudar o seu senhor" - Ramon
Lull, Libro da Orden de Caballaria
A sociedade
do século XIII estava organizada em três grupos sociais: a nobreza, o clero e o
povo. A nobreza era um dos grupos privilegiados, pois possuía muitas terras
(domínios senhoriais), e não pagavam impostos. As terras da nobreza tinham o
nome de senhorios e o seu proprietário era chamado de senhor nobre.
A principal
função da nobreza era combater. Dedicava-se à guerra. Na reconquista a nobreza
desempenhou um papel importante. Por esta ajuda ao rei ou porque administravam
certos territórios em nome do rei, receberam um conjunto de privilégios, que
passavam por receber terras, rendas ou valores monetários.
Quando não
existia guerra, a nobreza podia viver nos seus senhorios ou junto da corte, com
o rei. Praticavam actividades como participar em caçadas, torneios, assim como
se dedicavam a exercícios de cavalaria. A nobreza reconhecia-se publicamente
pelo seu vestuário. Os mais ricos, vestiam tecidos importados da Flandres.
A nobreza
tinha um conjunto de privilégios também na área da justiça. Quando eram
submetidos a algum julgamento, era na tribunal do rei que esse processo se
dava, o que lhes dava algum poder de influência. Nos seus senhorios podiam
julgar os habitantes do senhorio. Nestes organizavam muitas vezes festas, onde
imitavam o que o rei fazia na sua corte, com a vinda de trovadores e jograis.
As damas nobres ocupavam o seu tempo bordando, passeando junto à casa
acastelada, e orientavam a vida doméstica da sua casa.
Legenda
- (elementos de um senhorio)
1 – Casa
acastelada – Espaço onde vive o Senhor;2 – Ponte Levadiça; 3 – Fosso;
4 – Aldeia;
5 – Campos de cultivo; 6 – Mata/Floresta; 7 - Terras de cultivo; 8 - Casas do Povo;
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A sociedade medieval,
Materiais - 5.º ano (20/21)
quarta-feira, 8 de março de 2023
A sociedade medieval - os grupos sociais
A
sociedade medieval estava organizada em grupos sociais que tinham diferentes
direitos e funções. Podemos indicar o clero, a nobreza e o povo.
O clero:
"Eu,
Afonso, pela graça de Deus, rei de Portugal (...) agradou-me dar emdoação (...)
o castelo de Stª Eulália (...) com todo o seu domínio (...) ao mosteiro de Stª
Cruz [Coimbra] (...) para fazer a povoação, sustento e defesa daqueles que aí
estão"
(in Colectânea de
Documentos Históricos, Vol. I)
O clero era o segundo grupo social
com muitos privilégios na sociedade medieval. Identificava-se pelo seu
vestuário e pelas funções que desempenhava na sociedade. O clero dividia-seem
clero regular (os que viviam numa comunidade religiosa, de acordo com uma Regra
- o caso dos mosteiros) e o secular que ocupavam as igrejas e era formado por
padres e bispos.
Em Porugal no século XIII existiam um
grande conjunto de mosteiros, onde a Regra era aplicada. Esta marcava todas as
actividades religiosas ao longo do dia, com as diversas obrigações que deveriam
cumprir. Os mosteiros tinham diferentes áreas que desempenhavam importantes
funções.
Os mosteiros eram compostos pelas
seguintes áreas:
1.
Igreja
2.
Albergaria
3.
Refeitório
4.
Jardim
5.
Biblioteca
6.
Campos de cultivo
7.
Dormitório
8.
Claustros
Os mosteiros eram um espaço muito
importante para criar as condições para a difusão de novas ideias. Era lá
que existiam as escolas que formavam futuros monges, e era lá que se ensinava a
leitura e a escrita, ainda em latim e o cálculo. Era no mosteiro que se
copiavam os livros feitos em pergaminho e decorados com letras coloridas e
imagens - as iluminuras.
"Eu,
Afonso, pela graça de Deus, rei de Portugal (...) agradou-me dar em doação (...)
o castelo de Stª Eulália (...) com todo o seu domínio (...) ao mosteiro de Stª
Cruz [Coimbra] (...) para fazer a povoação, sustento e defesa daqueles que aí
estão."
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A sociedade medieval,
Materiais - 5.º ano (20/21),
O século XIII
segunda-feira, 6 de março de 2023
O reino de Portugal - Dos séculos XII a XIII
O reino de Portugal só começou realmente a existir após 1139. Até essa data, era apenas um condado que pertencia ao reino de Leão e Castela. Dessa data até ao reinado de D. Dinis, já no século XIII, o reino de Portugal existia, mas não se consegui afirmar como tal. A autoridade do rei só era reconhecida por muitos senhores nobres enquanto o rei não interferia nos seus domínios e poderes. Existiam mosteiros, bispos e concelhos que elegiam os seus juízes e autoridades locais sem qualquer intervenção do rei. Este não conseguia interferir no interior das honras (senhorios nobres), nem sequer nos concelhos.
O rei só começou a ter a sua autoridade reconhecida quando foi capaz de impor a sua "lei" e castigar os abusos cometidos por senhores e concelhos. Tal situação iniciou-se muito lentamente e a partir do reinado de D. Afonso III, entre 1248 e 1279 e sobretudo, com o seu filho, D. Dinis, entre 1279 e 1325. A este processo damos o nome de centralização do poder real. Este fenómeno está associado à criação do que séculos mais tarde chamaremos a criação dos Estados modernos.
Esta centralização foi realizada construindo a organização da administração pública. Isto é com a criação dos funcionários encarregados de cobrar os rendimentos para a Coroa ou de receber as queixas dos abusos e dar resposta a essa situação com os tribunais régios. Foram esses dois reis que criaram as forças capazes de impor a ordem real aos que abusavam dos seus poderes, assim como aperfeiçoaram a chancelaria. Foi com D. Afonso III e D. Dinis que a corte aumentou em número de pessoas e a vida cultural se tornou mais viva.
Tendo esta situação iniciado-se à volta de 1248 significa que até lá, entre 1128 e 1185 os reis procuraram sobretudo construir o espaço do território que formava o reino de Portugal. administração feita por estes reis tinha como principal preocupação a defesa militar do território. Nesse período a justiça e a cobrança de impostos estavam fora da acção do rei.
Assim é no século XIII que as relações entre as diferentes comunidades permitiam começar criar a ideia de comunidade. Para essa ideia de relação entre diferentes concelhos do País foram muito importantes algumas medidas. Foram concedidas cartas de foral iguais a diferentes localidades, o que tornou os costumes muito semelhantes. Foram dadas cartas de feira incentivando as relações entre pessoas de concelhos diferentes que assim se encontravam para vender e ou comprar diferentes produtos. O encontro dos representantes dos concelhos de diferentes regiões nas Cortes permitiu aumentar a autoridade régia e a sua aplicação em diferentes espaços do território.
Estas medidas foram decisivas para que senhorios e concelhos criassem uma comunidade de pessoas implicadas umas com as outras, para que a realidade de um País fosse possível numa dimensão de unidade e coesão entre todos os seus elementos.
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O século XIII
domingo, 5 de março de 2023
Portugal no século XIII - Os grupos sociais - visão geral
No século XIII as pessoas estavam organizadas em três grupos sociais: o Clero, a Nobreza e o Povo. O Clero e a Nobreza eram grupos privilegiados, pois além de terem muitas terras e rendimentos não pagavam impostos. As terras do Clero e da Nobreza chamavam-se senhorios e o seu dono era chamado de senhor. Vejamos cada um desses grupos de forma simples.
A Nobreza
tinha sobretudo funções guerreiras, Alguns nobres já tinham participado
com o Rei na Reconquista aos muçulmanos. Outros governavam espaços em
nome do Rei e recebiam por isso rendas, ou quantias em dinheiro ou
terras. Quando não existiam nenhum conflito militar os nobres viviam
junto do Rei (formavam a sua corte). Realizavam exercícios físicos e
militares, praticavam a caça e participavam em torneios. Os nobres
distinguiam-se pelo seu vestuário feito de tecidos vindos de outros
países (Flandres e Inglaterra). Tinham privilégios na aplicação da
justiça. Podiam julgar os camponeses nos seus senhorios e quando eles
cometiam algo grave só o Rei os podia julgar. Viviam em solares ou em
castelos, onde davam festas e onde jograis e trovadores cantavam poemas
ou tocavam excertos de música.
O Clero
era outro grupo muito privilegiado. A sua principal função era prestar
assistência à população. ajudavam os mais desfavorecidos, ou os doentes e
peregrinos e só eles sabiam ler e escrever. O Clero tinha uma boa
parte das terras do país, pois nos testamentos as pessoas confiavam-lhes
muitos bens. O Rei também lhes doava muitas terras para que a
exploração dos recursos naturais se desenvolvesse. Podiam julgar os
camponeses que viviam nas suas terras. Os senhorios do Clero chamavam-se
coutos. O vestuário do Clero também o distinguia do resto da
população. O clero dividia-se em dois grupos: o clero regular que eram
aqueles que viviam numa comunidade, geralmente um mosteiro e o secular
que ra formado pelos bispos e padres que estavam nas igrejas, mais perto
da população.
O Povo era
o único grupo não privilegiado. Pagava muitos impostos e vivia na
dependência dos grupos privilegiados. Tinha uma vida difícil. Habitavam
nos senhorios dos senhores e nos concelhos. A formação dos concelhos
dependia de uma autorização do Rei que concedia uma carta de foral. Os
concelhos davam ao povo mais direitos na sua vida, pois podiam escolher
os juízes e tratar localmente alguns dos seus problemas através dos seus
homens-bons, os mais ricos do concelho. O pelourinho marcava a
autonomia do concelho em termos de justiça.
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Materiais - 5.º ano (20/21),
O século XIII
sábado, 4 de março de 2023
Portugal no século XIII
Formado no
século XIII, Portugal era um reino que na Europa mais ficava a ocidente e cujas
fronteiras ficaram definidas em 1297, com o Tratado de Alcanises. A sua forma
assemelha-se a um rectângulo com 56o Km de comprimento e 218 Km de largura. Ao
longo dos séculos as alterações foram muito poucas.
É banhado
pelo oceano Atlântico, tinha no século XIII uma costa muito recortada, com
costas baixas, sobretudo a norte do rio Tejo e as arribas, especialmente n
Beira Litoral, Alentejo e Algarve. No relevo encontramos um norte mais
montanhoso e um sul mais plano. É a cordilheira central que faz esta separação.
Também do litoral para o interior verificamos um aumento de altitude. As
planícies concentram-se junto à costa ou no curso de alguns rios.
O clima
embora temperado apresenta três zonas, o norte atlântico, o norte interior e o
sul mediterrânico. No primeiro encontramos um clima com características
húmidas, com elevados valores de precipitação e temperaturas amenas. No norte
interior, a diferença de temperaturas entre o verão e o inverno são muito acentuadas,
com baixos valores de precipitação. No sul encontramos características de um
clima seco, com baixos valores de precipitação.
Influenciado
pelo clima encontramos no norte atlântico, floresta de folha caduca, com
predomínio do pinheiro bravo, do carvalho e do castanheiro, enquanto no norte
interior vemos sobretudo a nogueir, a amendoeira e no sul, o sobreiro, a
azinheira e a oliveira que acompanham a floresta de folha persistente. O norte
interior concilia árvores de folha caduca e persistente.
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