"Os Árabes reforçaram o tom mediterrânico
que os Romanos haviam começado a imprimir à agricultura. Introduziram ou
difundiram plantas: a alfarrobeira, o limoeiro, a laranjeira azeda e talvez o
arroz; plantaram grandes pomares, sendo afamados os do Algarve e dos arredores
de Évora (...); e, sobretudo, desenvolveram a técnica do regadio (...) com as
suas noras e canais de rega (...).
Esta influência sobrevive ainda ainda em muitas palavras de língua comum,
relativas à vida do campo; (...) [tais palavras] mostram como foi intensa e
profunda a ação de um povo que [vindo da orla do deserto] aprendeu a
vencer a escassez de chuvas com a escolha de plantas apropriadas e um engenhoso
aproveitamento de águas." (1)
A influência árabe foi sobretudo importante na religião e na língua. Na
Península Ibérica houve um convívio harmonioso entre os que aderiram ao
Islamismo e os que se mantiveram cristãos, os chamados moçárabes. No Al-Andaluz
o árabe era a língua oficial e foi uma forma de dar unidade à sua presença
cultural.
Com os Árabes a Península Ibérica assistiu à introdução de diferentes
atividades ligadas à agricultura, ao artesanato e à pesca. Com elas deu-se um
excelente aproveitamento da água, com a construção de canais, diques, moinhos
de água, azenhas e noras. No artesanato desenvolveram a tapeçaria (algodão e
lã), os metais, a pedra e o couro. Desenvolveu-se o comércio e os mercados
difundiram-se por diferentes cidades.
O Al-Andaluz desenvolveu sobretudo no Sul uma cultura urbana, com a existência
de diferentes cidades. A cidade era protegida por muralhas e tinha um centro,
que se chamava a Medina, onde se concentravam os edifícios religiosos, as
mesquitas, mas também o mercado e os espaços públicos. O restante espaço da
cidade era ocupado com casas para habitação, onde os artesãos dispunham os seus
produtos e se dedicavam ao comércio. Junto à medina encontramos o espaço que
mantinha uma defesa militar da cidade.
As grandes cidades árabes tinham belos palácios com interiores onde podemos
encontrar o azulejo e jardins bem decorados. Era nas mesquitas que as crianças
aprendiam a ler e a escrever, utilizando o Alcorão nas suas atividades de
aprendizagem. As ciências estavam muito desenvolvidas na civilização Árabe e a
sua influência na Matemática (introdução do zero), na Medicina, na Astronomia,
na Cartografia, na Geografia, foi muito importante. A civilização árabe
procurou incentivar um ambiente cultural de estudo e de difusão do pensamento
literário e religioso. Córdova, era a capital deste espaço na Península que os
árabes chamaram Al-Andaluz.
(1) - Orlando Ribeiro, Portugal,
O Mediterrâneo e o Atlântico